Muitas vezes explicamos nosso sofrimento pela “obrigação”. Acreditamos que
se cumprirmos nossa obrigação estaremos justificados perante o mundo, perante nós
mesmos, e os outros. A consciência de dever cumprido causa em nós todo tipo de reconhecimento
e estima: como mãe, como pai, como carteiro, como funcionário publico, como
militar ou seja lá a profissão que você tenha escolhido e os papéis que também
escolheu viver nessa vida.
Quando cumprimos nossa obrigação fazemos o que deve ser feito. Mas a
obrigação vem na maioria das vezes dentro de um saco escuro, o saco da
privação, e acompanha o saco da privação a sensação de auto sacrifício que compreende
uma boa formação para nossos filhos, se possível, e para tanto também a
aceitação de um segundo emprego, cuidar de um familiar doente, e renunciar as
nossas férias, mesmo estando machucado fazer um bom jogo e ganhar para evitar o
rebaixamento do nosso time.
Todos nós conhecemos o sentimento de dever cumprido e também suspiramos
debaixo do seu enorme peso em nossos ombros. Mesmo querendo outra coisa, nos
sentimos no dever de... E assim ficamos mal com a vida porque o “dever” vem de
fora, e obrigação, nesse caso, muitas vezes é uma desculpa, que nos poupa de
definir os nossos verdadeiros objetivos e tomarmos decisões que sabemos que serão
desagraveis de inicio. Então o grande
pulo na agua fria deixa de acontecer para que possamos cumprir nossa obrigação
e dizemos: “meu compromissos não me permitem...”.
Acreditamos que assim vamos extrair direitos e deveres e, com esse
recurso, então iremos extorquir de moral elevado, as outras pessoas. Mas quando
conseguimos pensar objetivamente, não há obrigações, porque toda a imposição
vinda de fora é objeto de nossa opção. Caso você esteja “na obrigação” é porque
assim você escolheu.
Mas você não está vendo que é possível decidir diferente a
qualquer momento, ninguém pode nos tirar a liberdade, mesmo que o preço seja a
prisão. Toda a obrigação é auto imposta por nós.
Por isso nunca faça nada por obrigação, porque o ódio encontra-se
profundamente arraigado na obrigação. Ódio daquele que exige sua mobilização, e,
com isso provavelmente atrapalhe que você viva a sua vida. Muitos de nós temos
o sentimento de estarmos “devendo” para alguém, talvez para nossos pais, porque
a final eles fizeram tudo por nós. Mas mesmo nesse caso não há obrigação que
seus pais não tenham decidido por eles mesmos.
Se você se sente responsável pelo bem estar da sua família, essa foi uma
opção sua de ser responsável pelo bem estar de sua família, mas da mesma forma
que você fez essa opção, você poderá a qualquer momento mudar de ideia e fazer
outra opção. Se isso seria ou não correto, ou moralmente acertado ou não, não
estamos debatendo aqui. Estamos debatendo aqui as opções que você tem em sua
vida.
A grande maioria de nossas opções são valores e moral que nos foram
concedidos pela sociedade onde vivemos, e exercem uma enorme pressão para que
nos coloquemos sob seus comandos.
Não podemos esquecer no entanto que em nome
da moral e dos bons costumes muito sangue tem sido derramado e os mais
duvidosos meus santificados, não só antigamente mas hoje nossa sociedade,
parece que abriu a tampa da panela de pressão e está deixando sair tudo o que
ficou inconsciente por séculos. A moral que sempre ditou os limites, a moral
que sempre tentou elevar o outro. É a moral que nos diz: “Tenho mais direito
que participar do que você”
Colocamo-nos como vitimas sem nunca ter sofrido, como se as próprias vitimas
nos tivesse conferido esse poder.
Mas tudo o que fazemos para nós mesmos, porque é importante para nós,
porque parece certo para nós, e porque corresponde a valores e normas que
sempre aprendemos a seguir. Agimos assim por uma necessidade de nos sentirmos útil.
E muitas vezes isso nos leva a nos empenharmos pelo bem alheio pelos
motivos mais falsos e torpes possíveis.
A realidade é que não fazemos nada por ninguém apenas por nós mesmos!
Pense nisso!
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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