Não conheço ninguém que tenha mudado porque essa era a minha vontade. Então
acho inúteis as queixas sobre o todo-poderoso e maldoso outro. E todos os
conselhos que perdemos nosso tempo dando ao outro que nunca nos pediu diga se de
passagem para que o outro mude seu comportamento.
Pensando nisso acho que é muito importante nos perguntarmos: como eu
contribui para que o meu próximo se comporte da maneira como o faz? Sim eu sei
que tenho participação nisso, sim eu tive que dar minha permissão de alguma
forma, para que o outro pudesse ter e manter esse tipo de comportamento para
comigo. É evidente que ele acredita que tem essa permissão, e minha aprovação
para se comportar da forma que o faz comigo e em relação a mim.
Vamos protelando o momento de falarmos que não aquilo está nos
incomodando, até que perdemos o “ponto certo”, e ficamos esperando outro “ponto
certo” que nunca vem. E assim vamos aceitando sermos manipulados, jogados de um
lado para o outro. Tudo isso porque permitimos nas primeiras vezes que ele
tivesse esse comportamento. E agora não podemos mais ficar surpresos dele
continuar agindo assim de “boa-fé”.
E assim muitas vezes ficamos presos a um parceiro como uma tábua de
salvação, furada porque achamos que sem
ele somos incapazes de sobrevivermos, perdemos nossa independência, nossa
autonomia.
É óbvio que ele sente nossa fraqueza, e deixa de lado qualquer respeito
que possa um dia ter tido, o outro nos trata como nós mesmos o ensinamos.
Assim sendo, nós não somos responsáveis só pelo que fazemos, mas também
pelo deixamos de fazer. Mas a maioria de nós não tem coragem para assumir essa
responsabilidade, por isso,
Desculpamo-nos dizendo que precisamos resguardar o outro. Quando queremos
resguardar alguém estamos colocando essa pessoa sob tutela, ou seja, nós nos
colocamos acima dele e decidimos por ele o que ou não conveniente para ele. E assim
abandonamos o plano de direitos iguais, á decisão, e transformamos o nosso
parceiro em uma criança ou idoso incapaz de decidir por si mesmo. Tiramos dele
a responsabilidade ou a diminuímos a ponto da insignificância roubando-lhe a
dignidade própria.
Agora vamos falar a verdade para nós mesmos: na realidade nossa intenção
não é resguardar tanto o outro, mas a nós mesmos, porque tememos os prejuízos afetivos.
Nós temos medo de: “Se formos sinceros, ele não vai mais me querer”. “E bem possível
que tudo isso acabe em uma grande briga”
E assim vamos represando nossos sentimentos desagradáveis, cada ocasião
de crise., o silencio persiste teimosamente.
E isso vai sem duvida alguma acontece infinitamente, porque seu parceiro
não tem bola de cristal para adivinhar o que você está resguardando dele.
Mas como tudo que vai enchendo um dia estoura. Um belo dia acontece uma
enorme briga, daquelas onde as culpas são jogadas na mesa... e você estoura e
joga na mesa o que estava “resguardando”, e depois não consegue entender o
porque do seu companheiro está tão transtornado com a historia que você
vitimamente guardou sozinho por tanto tempo.
Por isso é tão importante a honestidade ativa em uma relação o tempo todo,
principalmente quando algo é muito importante para a manutenção da parceria. O resto
nós podemos manter pro trás da cortesia, mas não o que é importante para o
relacionamento.
Seu comentário é importante para o meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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