A depressão é um dos piores e maiores problemas enfrentados
pelas mulheres que estão vivendo dentro de um lar violento. Uma pessoa em
depressão se sente: “ como se estivesse caindo, parece que a queda vai atingir
o chão, mas essa sensação não dura apenas alguns segundo ela é interminável.
O
sentimento de pânico permanece por dias e dias e a pessoa não consegue nem
especificar do que está sentindo tanto medo”. Eu me senti assim por anos a fio,
somos vitimas de um cérebro que entrou em colapso, só que não sabemos disso.
Nosso cérebro não sabe reagir adequadamente diante do
intenso estresse interior e também exterior
que estamos experimentando, e como consequência nosso corpo é profundamente
afetado. Nossos ritmos corporais como
sono, apetite e desejos sexuais se tornam irregulares ou nulos. Começamos a encarar a vida e tudo que a
compõe com indiferença.
Sentimo-nos desconectadas socialmente, não temos clareza de
entendimento do que ouvimos e também não conseguimos nos expressar com clareza
como estamos nos sentindo.
A presença de outras pessoas nos perturba e incomoda,
gostamos de nos manter isoladas do mundo. Somos prisioneiras de nossas emoções
desenfreadas que provocam distúrbios seríssimos em nosso humor, mas
infelizmente não temos consciência desse fato, porque vivemos no piloto
automático.
Nosso humor deixou de seguir um padrão normal de altos e
baixos, e não conseguimos nos livrar da tristeza e do sentimento de impotência
e desesperança, que não nos permite ter algum interesse na vida que nos rodeia.
As nossas atividades diárias e corriqueiras começam a ter um
peso avassalador. E não conseguimos identificar o porquê e nem quando e como os
sintomas começam a aparecer.
A esmagadora fadiga que sentimos não nos permite sentirmos vivos, e que nos leva cada vez a mais depressão. E ai
tudo em nossa vida começa a girar, a vida se torna um circulo vicioso eterno,
demorado e inacabado.
A vitima de violência domestica se adapta tão bem a essa
situação que muitas chegam a se assustarem quando um medico ou mesmo um
terapeuta lhes dizem que estão com um quadro de depressão. Para elas isso é
absolutamente normal.
A depressão é na verdade um comportamento arraigado em nós.
Uma causa externa em nosso caso anos de violência psicológica que chegamos até
a esquecer de quando começou, e a nossa reação a ela que nunca foi e nem é
saudável. Transformou-se em um hábito que arraigamos em nós e agora ele é
automático.
Temos que desfazer em nossa mente o hábito de chamar todo
tipo de depressão de doença, principalmente a depressão moderada, já que a
crônica é sim uma doença mental.
E quando a depressão se transforma em um hábito deixamos de
reconhecer que a tristeza e a desesperança não precisam mais de nenhum gatilho
para permanecer. Deprimimo-nos pelo
simples fato de já estarmos deprimidas.
Uma nevoa cinza encobre tudo em nós, o otimismo é
impossível. Um estado de derrota permanente se instala, e nosso cérebro começa
a andar em círculos...
Depois que internalizamos a reação depressiva, é como se um
carvão em brasa estivesse dentro de nós, qualquer pequeno vento pode nos
incendiar e nos levar a deprimirmos novamente.
Quaisquer incidentes insignificantes nos deixa sem condições
de decidirmos não sabemos como reagir nem diante de um pneu furado, ou de um
simples cheque sem fundos, entramos em profundo desespero os problemas do dia a
dia começam a se transformarem em grandes demais para lidarmos com eles.
As boas noticias já não nos alegra mais, não nos sentimos
bem com datas comemorativas como natal, aniversários pascoa, ano novo, nada nos
anima.
Perdemos o controle sob o nosso nível de estresse e
começamos a repeti-lo, imprevisivelmente.
O que nos levou a isso? Um companheiro agressivo, que nos agride
repetidas vezes e que não conseguimos prever quando ele terá outro ataque de
“raiva”, e não conseguimos encontrar forças para deixa-lo.
E então nosso sistema corpo-mente se fecha para que possamos
suportar a dor da situação. E esse
fechamento do nosso corpo-mente nos induz a não sentirmos mais vontade de
viver.
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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