Como a vida pode ser nova a não ser que se
aprenda a morrer e a viver? Quando
recebi a noticia de que estava com um câncer, entendi que teria que morrer
varias vezes se quisesse viver.
E como morri nesses quatro anos, morri para
meus velhos hábitos, morri para meus falsos valores, e depois de cada morte me
sentia melhor.
Descobri uma nova vida, que se apresentava nova, e vazia pronta
para que eu a enchesse com o que eu decidisse que fosse melhor naquele momento.
Abriguei por muito tempo a sensação de
ameaça que não conseguia resolver por completo, mas depois que fiquei doente, e
entendi e comecei a morrer para tudo o que me incomodava, me fazia mal, essa
sensação desapareceu. Não me sinto mais ameaçada por nada. Nem pela vida, nem
pela morte.
Sei que a doença não é a forma certa de
resolvermos nossas questões fundamentais, mas foi a que se apresentou para mim,
e eu aproveitei. Quando estamos doentes nos tornamos mais fracos, menos capazes
de reunir os recursos que nos são necessários para a verdadeira transformação.
O sofrimento me acompanhou em toda a minha
jornada, mas eu sempre soube que ele era necessário, não um sofrimento
sacrificial, mas um sofrimento libertador.
Aprendi com a dor, e me orgulho disso. Eu
sentia que não havia nenhuma outra alternativa, as forças que me rodeavam
estavam me esmagando.
Hoje eu sei que viver sem dor é muito mais
humano, e estou me preparando nesse momento para começar uma vida de alegria e
sem dor, apesar de saber que o ideal seria eu me transformar antes da crise, da
doença, porque é óbvio que eu poderia não ter tempo suficiente para gozar essa
minha nova vida, que hoje me parece tão proveitosa e convidativa.
Seu comentário é importante para o meu
trabalho, deixe o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto.
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